Venho observado casos de alunos e alunas que parecem não estar muito dispostos a se esforçar para aprender. Vamos combinar: assim fica difícil. Mas se você quer ver seu progresso na língua estrangeira, veja quantos itens da lista a seguir fazem parte do seu dia-a-dia:
1) Usar dispositivos e redes sociais em inglês
2) Conectar-se com pessoas de confiança, fora do país
3) Procurar por temas específicos de postagens
4) Traduzir termos técnicos para saber como ler artigos sobre o assunto
5) Adquirir obras impressas que vão a fundo em tópico de interesse
6) Participar de um grupo de discussão online internacional
7) Ler uma boa newsletter
8) Pagar pela assinatura de um veículo confiável de mídia
9) Verificar as atualizações do YouTube, Instagram, Bluesky, Threads, entre outras redes
10) Experimentar com a linguagem em conversas improvisadas, não-formais
Vamos ver ponto por ponto. Há certamente mais itens na lista (e um deles é, exatamente, ter aulas com um material de qualidade e que abarque necessidades como estas, do mundo de hoje), mas não são todas as pessoas que reservam tempo para todas as tarefas, e podem simplesmente substituir alguma delas por “11) comer uma pizza gostosa” e fim de papo. É a vida.
Vamos lá, desde o começo:
1) Usar dispositivos e redes sociais em inglês
O processamento natural de ações críticas no dia-a-dia, como o acesso a uma página inicial de um aplicativo do celular ou das pastas do computador, com termos que vão desde “home” até “refresh”, de “reply” até “quote post”, certamente faz diferença na tarefa cerebral de associação de signos com suas respectivas funções na vida prática. Uso o termo “signo” pensando que a web tem muito de Semiótica a ser explorado, e que, ao começar meus estudos, achei que era mera questão de Análise de Discurso, com o elemento visual sendo incorporado; hoje, sei que existem questões que o signo linguístico aborda, e não se trata do material discursivo, no sentido de narrativa implícita, mas sim de certas associações de significados que estão por toda a parte, e podem ser verificadas numa simples pesquisa sobre a evolução prática da UX design ou na investigação do tema. O fato é que, ao usar as diversas interfaces digitais no idioma que queremos aprender, eventualmente, aquilo se torna natural (uma teoria que eu mesmo testei, antes mesmo de ser professor, e facilitou muito o processo de familiarização e naturalização do hábito da fala e da escrita).
2) Conectar-se com pessoas de confiança, fora do país
Hoje, existem aplicativos como o Boo e o Wink, que permitem trocas internacionais acompanhadas ou não do compartilhamento de outras mídias sociais (a conversa pode ser interna ao próprio app, até que se estabeleçam laços afetivos e haja interesse mútuo, o que já acontece no momento em que se clica no botão do like ou se deslizar para a direita, o famoso “swipe right”; mas que é reforçado por uma boa abordagem — e se torna, assim, essencial saber como conduzir a conversa). Além destes, pode-se acessar desde o Reddit até o Tumblr, ou mesmo as redes onde pessoas seguem pessoas a fim de se familiarizar com suas ideias e rotina, como o Instagram ou o LinkedIn. Mas de todas as possibilidades, é razoável dizer que o LinkedIn acaba sendo a mais interessante dentre as alternativas, desde que o objetivo seja ter maior perspectiva sobre um nível de debate empresarial e de indústria (e as conversas que acontecem dependem de cada um); mas conversar sobre tópicos leves e tentar fazer amizades simplesmente por gostar da mesma música é absolutamente saudável e, a propósito, a internet inteira vem feito isso e sendo feliz. Mas convém observar que pessoas de uma certa idade não possuem habilidades sociais ou mesmo personalidade sequer moldada por afeto e consequência, que dirá por compromisso e esforço para melhorar. No mundo de hoje, você pode jogar papo fora com alguém se tiver sorte; a maioria só fala com pessoas que remetem a modelos ou alguma figura pornô, e não querem saber de mais nada além de ganhar likes nas mídias sociais. Quando muito, você encontrará pessoas mais sérias, mas que não terão tempo para se conectar com você e obviamente isso não vai dar em romance; mas sabendo disso, procure interagir de maneira puramente tática e funcional, sem esperar muita coisa em troca. No fim, é tudo um funil de marketing.
3) Procurar por temas específicos de postagens
A curiosidade sobre o que se comenta durante a semana leva pessoas a procurar por informações confiáveis, não é? Mais ou menos. Hoje, vivemos após a imposição do algoritmo sobre a linha do tempo, e tudo o que consumimos é pré-selecionado e mastigado, possivelmente contém teor apelativo ou sensacionalista, quando não desinformação ou mau-gosto, e para se encontrar algo que realmente enriqueça nossa perspectiva, temos que procurar nos informar sobre os veículos que fazem um bom trabalho consistentemente, e dar atenção a eles, esperando que sempre que um assunto tenha relevância, ele vai ser tratado pela rede de maneira inteligente e esclarecedora. Mas para além dos moldes da mídia tradicional, muita coisa na web é espalhada, no bom sentido, inclusive com a potencialização do algoritmo (ou, se quiser, questione esse detalhe que estaremos na mesma página), que se utiliza de métodos não-convencionais para alcançar o público e engajar. Mas não é o desespero por viralização, e sim a quebra da formalidade, a inclusão de maneiras de falar a língua que não são geralmente aceitas ou bem-vistas historicamente pelos canais de maior circulação, e representam, assim, uma renovação na maneira de se comunicar — assim como as pautas também se renovam, e os personagens, naturalmente, tornam-se outros. Uma boa discussão é aquela que traz um rol de argumentos, todos baseados em apuração referenciada numa bio ou, que seja, num recorte de notícias e um comentário feito com base na matéria, e assim se constrói pensamento juntamente com quem assiste a um vídeo. Esse processo pode até ter falhas (eu me lembro de quando lia matérias sobre filmes antes de assistí-los, ou sobre um álbum antes de ouví-lo), mas cada um é livre para discordar e, inclusive, deixar de seguir o veículo, pessoa ou canal que faz o comentário crítico de algo que você gosta ou o contrário (elogia o que você detesta). Há nuances, e vários tipos de comentaristas e públicos, mas como é difícil acertar o tom, essa é talvez a forma mais florescente de criação de conteúdo da web: o comentário social.
4) Traduzir termos técnicos para saber como ler artigos sobre o assunto
Enquanto pessoa que vem treinando profissionais de alto nível para se preparar para assumir maiores responsabilidades no mundo do trabalho ou da pesquisa acadêmica, eu já encontrei pessoas que se comunicavam com mais ou menos habilidade, mas sabiam do tema que haviam estudado em detalhes que mal discutiam comigo. Aos poucos, eu fui fazendo mais e mais pesquisas, até entender sobre diversas áreas e criar um interesse natural pelo mundo dos negócios, mesmo sabendo que a minha função era dar a base para o crescimento na fluidez comunicativa no plano geral, apontar erros comuns e fazer essas pessoas se certificarem deles e corrigí-los, e tornar o aprendizado uma experiência de exercício da fala que ainda preservava aspectos formais, porém remetendo a uma conversa de um especialista com um leigo. Sempre que apresentava um texto mais complexo, percebia nos meus alunos e alunas a incapacidade de fazer associações convincentes o suficiente para que se destacassem profissionalmente num projeto, numa apresentação, numa conversa pós-reunião ou numa futura entrevista de emprego. Mas isso cabe a eles, e o meu papel, eu acredito que cumpri, inclusive com muita seleção de material e checagem de fontes as quais guardo até hoje para referência. Acontece que, quando se trata da sua especialização, a pessoa costuma gostar das discussões mais avançadas e menos dos casos genéricos e rasos. Ela quer mergulhar na teoria, ver um trecho que pode citar, buscar mais informações de outras fontes e se tornar realmente relevante enquanto alguém que coloca a área no perfil social e trata sobre o tema com as bases para tanto, seja na criação de conteúdo, seja na produção acadêmica, seja na gestão de projetos e por aí vai. Mas a leitura de artigos especializados é largamente feita por intermédio de representantes dessas áreas que divulgam conhecimento, e cumprem um papel dentro das mídias sociais. Você pode nunca ouvir falar sobre determinado assunto, e pode ser algo de extrema relevância para o seu trabalho; mas se você não acompanhar (e buscar a conexão), você não vai ler nada, e não vai se aprofundar. São muitos itens que salvamos para ler depois, mas quando algo é importante o suficiente para pararmos o que estamos fazendo e fazer uma leitura cuidadosa e dedicada, isso pode criar bons hábitos e um bom repertório.
5) Adquirir obras impressas que vão a fundo em tópico de interesse
No mundo das leituras mais tradicionais, há uma infinidade de categorias que podemos explorar (lembrando-se que a intenção destas anotações é que se faça um esforço para ter mais contato com a língua inglesa). Como falo para um público brasileiro, sabe-se que custa alguma coisa adquirir uma obra em outro idioma, vinda de outro país; mas a partir do momento que se tem contato com o texto original, se percebe o valor da obra e o significado do investimento. Não é altamente recomendável, mas uma boa pesquisa (com um prompt que detalhe seus temas caros e direcione a abordagem) pode te fazer encontrar algumas das obras mais relevantes publicadas recentemente sobre qualquer tema, largamente falando, e inclusive textos recentes ou mesmo clássicos (o que eu já notei que a inteligência artificial pode ou não julgar supérfluo, obsoleto, ultrapassado, e sugerir outra coisa). As faculdades renovam seus currículos, mas a internet também, e assim os programas de televisão convidam pessoas novas e outras vozes passam a ter relevância e espaço, assim como acontece sabidamente no mundo da música. Este, se for um tema de interesse, é um tópico sensível para mim, e a melhor recomendação que posso fazer é que sigam o Pitchfork e assistam alguns vídeos do Anthony Fantano; mas no caso dos livros especializados, muita coisa tem chegado para mim através do contato com páginas de editoras (inclusive algumas independentes e pequenas), e assuntos variados me despertam curiosidade, desde como a desinformação se tornou um fenômeno cultural global até como os temas que conversamos a respeito tendem a gerar reações fortes e ofender alguém, potencialmente. É bom procurar uma referência de cada vez, terminar seu livro, e só então partir para o próximo: faz bem para o bolso e te torna menos otário.
6) Participar de um grupo de discussão online internacional
Uma movimentação recente do mundo dos negócios, e que parece ter tido impacto na inteligência artificial, foi o IPO (initial public offering, entrada no mercado de ações) do Reddit. Aparentemente, o site, que existe desde 2005, compilou informações e discussões o suficiente para ser rankeado entre as fontes mais legítimas e confiáveis de respostas na web, e eu fico me perguntando como eu recupero o meu tempo perdido com aquela pesquisa Google que fiz para corrigir um código de erro do Windows 10 que me dava instruções sobre o que fazer com as informações do meu disco rígido, diretamente do prompt de comando: eu acabei deletando tudo, e perdendo o computador, numa época em que não tinha dinheiro pra nada. Mas hoje, existe uma série de artifícios para se reconhecer quando ocorre desinformação (não se acabando com mentiras na internet de forma alguma, pois elas muitas vezes são orquestradas por muitos grupos de interesse e há muito dinheiro envolvido e também dados e até chantagem ao ponto da ameaça). A ideia, retomando a positividade, é que publicar algo num fórum de tema específico pode levar a uma boa troca, ou mesmo dentro de certos aplicativos. Estamos, quero crer, cientes do que aconteceu com a rede Twitter, e não vamos ceder à tentativa de comprar a rede informacional mais relevante do mundo pelo homem mais rico do mundo (embora tenha louco pra tudo), e vamos todos usar as alternativas que nos foram apresentadas (seja o Threads, o Bluesky, o Mastodon, o próprio Tumblr, ou até mesmo, para os mais aderentes ao pensamento estratégico e à imagem de boa reputação como missão pessoal, o LinkedIn). Uma possibilidade curiosa, e que muitos ignoram por já terem tido experiências negativas ou presenciado anomalias discursivas e comportamentais, é comentarmos em vídeos, sejam quais forem. Como os comentários são públicos, e as contas privadas, cria-se uma situação em que qualquer um que quiser associar a imagem de uma pessoa ao comentário que fez, e não ao que ela posta em seu perfil, pode fazer uma série de coisas que inclusive violam leis e o senso comum (que deveria ser aquela coisa mais digna e decente de não julgar os outros, mas que, convenhamos, às vezes fica um pouco difícil). Outras vezes, o comentário (ou os seguidores e seguidoras) surgem do nada, se acumulam, e você nunca vê nada da vida deles. Não são pessoas que se engajam — mas vale a pena pensar sobre o seu engajamento, em termos de estar se fazendo o suficiente. O like é o mínimo. Enriquecer o debate com uma história pessoal, um exemplo, ou um agradecimento, são todas boas práticas. Compartilhar o vídeo, seja nos stories do Instagram, seja no WhatsApp ou Facebook, ou mesmo manualmente, ao ver algo que lhe chama atenção pela qualidade da abordagem, e você deseja recomendar e fazer alguns comentários, é uma boa prática da web — mas ao mesmo tempo que as pessoas podem ser levadas a fazer isso, elas podem compartilhar para outros fins, e apenas com social listening e ferramentas pagas é que se descobre se falam bem ou mal de uma pessoa. No fim, vale a pena seguir pessoas que você julga terem algo a dizer, e a interação vai se construindo, num ciclo produtivo.
7) Ler uma boa newsletter
Ao pensar sobre as operações de grandes empresas ou mesmo de médio porte ou pequenos negócios, procuramos líderes ou coaches que nos digam algo relevante, mas também podemos buscar recursos na educação formal para enriquecer nossos conhecimentos e saber como está caminhando a indústria.
Uma das boas práticas para o mundo corporativo é a leitura de newsletters, e eu aponto duas que podem ser interessantes para pessoas de públicos distintos, que podem aprender sobre maneiras diferentes de abordar tópicos que são de alto nível hierárquico, mas podem ser tratados com relativa informalidade.
Uma das pessoas que admiro nesse mundo é a marketeira Alex Cattoni, que trabalha com o serviço de copywriting — para vendas, focando no sucesso do cliente e em métricas de engajamento, tendências, novas funções e requisitos, estratégias e um mundo de dicas que podem tornar sua visão sobre mídias sociais completamente diferente, com simplicidade e com propriedade, pois ela faz testes recorrentes e acompanha uma série de pessoas importantes na área para produzir material de qualidade (e de fácil assimilação) para quem está interessado em escrever melhor, mas realmente entendendo pra que, e pra quem, escreve.
Outro grande especialista é o analista de processos de transformação digital Eric Kimberling, que traz muitas reflexões sobre liderança e valores, atribuições de diferentes membros da composição de uma equipe, e trabalha com a ideia de que a tecnologia é uma ferramenta que ajuda a mover processos entre humanos com certo apelo de escalabilidade e deve ser usada com os conhecimentos apropriados para tomar decisões do topo que visem a melhor predição de resultados, as melhores políticas de atribuição de tarefas, e muitas outas questões envolvendo administração que valem a pena ser ouvidas, mas podem ser técnicas demais para pessoas que não estão acostumadas a ouvir o alto escalão se pronunciar.
8) Pagar pela assinatura de um veículo confiável de mídia
Para citar casos onde você pode botar em prática a leitura em inglês, vou falar sobre três veículos muito relevantes na mídia americana, e mais dois na mídia britânica (estes são gratuitos).
O primeiro é a Bloomberg. O canal tem slogans que dizem muito sobre o que esperar deles: “contexto muda tudo” ou “mais do que o que você precisa saber, o que você precisa pensar sobre” são alguns deles. Sem contar os finais de semana, onde são exibidos programas especiais (como entrevistas exclusivas com CEOs, perspectivas diversificadas sobre negócios ao redor do mundo, além de um panorama sobre o mercado financeiro que enaltece os maiores players do mundo empresarial em escala internacional, bem como chefes de cargos de governo), a rede tem uma programação ininterrupta (salvo seus comerciais) que cobre toda a atividade do mercado de ações, com cobertura ao vivo que pode ser asssistida gratuitamente por no máximo 30 minutos, ou acesso ilimitado pelo canal de TV, disponível em grades da provedora Vivo, por exemplo. Todas as partes do mundo são pauta, e apesar de haver certa incerteza sobre determinadas declarações, que visivelmente diferem dos tópicos comuns das mídias sociais em certos nichos, e uma tendência a priorizar os interesses do país onde nasceu a rede (os Estados Unidos, com o detalhe de o dono ter sido prefeito de Nova York), há muita parcimônia, e acaba sendo mais um estudo de dados do que matérias para debate — o que torna difícil de compreender ou acompanhar boa parte dos programas, mas de repente, ouvimos algo relevante, em primeira mão, e estamos ao vivo para um evento de importância prioritária na geopolítica. Fora isso, há um site completíssimo sobre muitos aspectos da economia mundial, e poucas são as vezes que algo é deixado de fora — mas se você vive de memes da internet, provavelmente não é o lugar certo para você.
Outro grande veículo é o The Atlantic, famoso por matérias extensas, críticas detalhadas e às vezes duras, mas com um certo ar moderado que faz com que os leitores confiem na que está sendo dito, seguindo o patamar maior do jornalismo considerado tradicional no mundo. Os assinantes da The Atlantic podem pagar um preço talvez salgado, mas têm acesso a literalmente mais de um século de reportagens, todas arquivadas digitalmente, e é possível se informar sobre as maiores discussões do nosso tempo através de seus renomados escritores, que prezam pela qualidade do texto.
Dentre os veículos pagos de maior sucesso comercial, está o The New York Times, tradicional referência do jornalismo americano e palco de muitos debates importantes, um verdadeiro termômetro do clima do país e do mundo, o que é assegurado por jornalismo sem papas na língua e que critica sem medo, mas também precisa manter as relações institucionais e às vezes escapa, como apontam alguns leitores, à percepção do senso comum em favor de uma versão mais do topo da sociedade, enquanto veículo que vende muito e quer continuar vendendo. Vale a pena conhecer as pessoas envolvidas no jornalismo, muitas vezes exclusivo, que você não veria em lugar nenhum a não ser em sua plataforma.
Outra recomendação é do The Guardian, veículo primordial e que faz jus ao nome, pois se apresentam como defensores da mídia progressista e sempre tratam dos assuntos que muitas vezes são ignorados pelos interesses do capital e até mesmo de grupos políticos, os quais não falham em denunciar. As matérias são gratuitas, e há pessoas que escrevem para o veículo que são verdadeiras lendas. São britânicos.
O último da lista só poderia ser o que se conhece mais largamente como jornalismo tradicional, que é a rede britânica BBC. Em suas matérias, muitas vezes extensas e detalhadas, há a oportunidade de se informar com a benesse da imparcialidade, mesmo que alguns (em especial a extrema-direita) questionem a maneira que a rede trata diversos assuntos (bem como a esquerda também oferece críticas ao tom suave e de apaziguação que suas matérias apresentam). Vale a pena conferir, e tirar suas próprias conclusões.
9) Verificar as atualizações do YouTube, Instagram, Bluesky, Threads, entre outras redes
Desde que o passarinho foi envenenado e padeceu entre os artistas, políticos e jornalistas, sem se esquecer das prostitutas, a internet tem tentado encontrar um novo mascote para o microblog. Invenção que transformou nossa maneira de pensar linguagem e sociedade, a comunicação breve textual, online e pública, passou a carregar responsabilidade e a projetá-la em pessoas que nada teriam a acrescentar num dia de chuva e poucos amigos. Daí, vieram as transformações sobre as quais este blog já comentou, e surgiu a borboleta (não se sabe se foi atraída por algum perfume de luxo, misturando-se com a fumaça dos ônibus que cruzavam a Mata Atlântica; ou se foi a maresia de Gabriel, O Pensador) e ainda, o elefante (que habitava a Rússia, e tornou-se símbolo de resistência enquanto o mundo clamava por uma interrupção da violência contra o povo de bandeira azul celeste e amarela).
Há ainda as iniciativas dos oligopólios Meta e Google, com características diferentes: enquanto um aposta ainda na tentativa de se fazer microblogs, entre diversos outros produtos, o YouTube se apresenta como toda uma referência cultural que envolve pessoas de diversos interesses, nacionalidades, raças, ideologias, gêneros, ou ainda, robôs. O competidor natural parece ser o TikTok, fenômeno de mídia que explodiu com a pandemia, e foi contestado pela classe política conservadora americana, como uma tentativa dos chineses de espionar e interferir nos assuntos de segurança nacional, botando-a em cheque.
Ficam aqui algumas dicas sobre conteúdos que você pode encontrar no Bluesky, rede que adoto como minha principal para comunicação (pois não gosto do Instagram, com suas propagandas uma atrás da outra, e pessoas reais cujas vidas elas transformaram numa propaganda, sem perceber, talvez — mas o que é evidente e extremamente irritante para mim). Essas pessoas e grupos produzem conteúdo de maneira responsável, informativa e sem medo do confronto: Carole Cadwalladr, Truthout, Jen Psaki, Maria Popova, The Daily Show, Internet Lab, Freedom of the Press Foundation, HQ Sem Roteiro.
No YouTube, como eu não suporto canais que falem sobre política (tenho traumas domésticos), sugiro que todos assistam (e dêem uma chance) ao Camming Life, para que possam entrar em contato com a perspectiva humanizada do sex work, assunto tão mal-abordado nos dias de hoje, e ver que são pessoas cuja especialidade é de fato o mundo do streaming adulto, mas podem falar sobre suas vidas e conceitos que poucos saberiam falar com propriedade, ou ainda contar histórias que nos fazem dar risada, refletir ou desejar algo nas nossas vidas. Mas na boa, se não quiser assistir, beleza, mas saiba que você é babaca.
10) Experimentar com a linguagem em conversas improvisadas, não-formais
Se você gosta de uma boa linguiça, pode acessar o site Thundr.com e ver que o que não falta é carne suína. Lula prometeu picanha, e quem duvidar, é só ir conferir, desabilitando a função de auto-moderação do site. Mas digo isso em tom de brincadeira, pois tenho a profunda percepção que o mundo do advento das mídias sociais não existe mais, e as pessoas não querem mais se conhecer.
O apelo visual da webcam já foi abordado aqui, de forma séria. Mas ainda se vê, muito frequentemente, tentativas de golpes diversos, extensões de browser que violam privacidade e botam usuários em risco (sejam homens ou mulheres, ou mesmo, meninos e meninas) e podem te fazer perder o emprego, a família, tudo que você construiu, seja pela exposição dos seus hábitos, seja pela perseguição que ocorre desenfreada na internet a céu aberto, ou mesmo pelas práticas de empresas que compartilham nossos dados visando o lucro.
Veja, a conversa é chamada de interação pelos linguistas. Há um pressuposto transacional, mas há outros fatores menos toscos que fazem da “troca de informações” algo muito mais bonito e prazeroso do que isso, como, digamos, o amor à primeira vista. Não acredita? Bom, deixamos essas histórias para outro veículo. Mas não é só isso: é possível usar o Thundr (ou o Ometv, ou o Discord, ou o Snapchat) com o intuito de fazer novas amizades. Alguém para dar boas risadas ou recomendar músicas para se ouvir é muito bom de se ter na vida, e preservar relacionamentos, acompanhando o dia-a-dia das pessoas que você segue e comentando com preocupação e afeto vai ser importante para que qualquer um veja as mídias sociais mais positivamente.
Espero que possam aplicar essas dicas e ver que estudar inglês (ou temas da cultura de língua inglesa) não é tão chato assim. Não deixe de explorar o site, acessar os links sociais e dar apoio, além de pensar sobre como esse tipo de postagem pode acrescentar na sua vida. Para se inscrever na newsletter e acessar todo o conteúdo, basta uma pequena contribuição monetária. Compartilhe esse blog com outras pessoas, e avise que tem um curso de inglês com uma proposta muito bacana, focando na mídia digital contemporânea e a trajetória que percorremos até chegarmos aqui. As informações estão disponíveis na seção “learning“.